Por: Welber Santos
Originalmente publicado no blog Trilhos do Oeste
“A primeira locomotiva a gente nunca esquece”, diria meu lado clichê.
Quando começaram os trabalhos de instalação da linha da primeira seção da E. F. d’Oeste, referente à ligação de Sítio, atual Antônio Carlos, com Barroso, a companhia encomendou suas duas primeiras locomotivas nos EUA e seus primeiros vagões nas oficinas da E. F. Dom Pedro II.
Para atender ao pequeno volume de transporte da estrada, foi escolhido um tipo bastante simples de locomotiva, em configuração já consagrada na conquista do Oeste americano. Nada mais justo do que reconhecer a rusticidade da ferrovia então em construção com a adoção do mais rústico material desenvolvido para os caminhos de ferro que ajudariam na colonização do velho oeste da América do Norte.
Pela ausência de indústria de bens-de-capital no Império do Brasil, restava para as companhias brasileiras a escolha da origem e do modelo a ser seguido para seu material rodante. Acredito que, pela robustez e simplicidade, além da similaridade do terreno e necessidades, o mais adequado seria mesmo a tecnologia norte-americana.
O tipo American Standard (4-4-0) foi então o encomendado para as oito primeiras locomotivas da Oeste, adquiridas entre 1880 e 1885. Dessas oito 4-4-0 chamadas American Montezuma, em homenagem ao soberano asteca, apenas uma foi preservada: a Baldwin Locomotive Works de placa de fabricação nº 5055, de abril de 1880. Todas as locomotivas que vieram entre 1880 e 1894 receberam nomes, que iam de topônimos a figuras ligadas à política ou à própria estrada. A nº1 da Oeste recebeu o nome São João d’El-Rei.
Em São João del-Rei por volta de 1920. Foto: Acervo NEOM-ABPF.
Provavelmente no mesmo dia da imagem anterior. Foto: Avervo NEOM-ABPF.
Ao lado da rotunda, São João del-Rei, década de 1940. Foto: Acervo NEOM-ABPF.
Em Divinópolis em 1945. Foto: Acervo NEOM-ABPF.
Na década de 1940 a nº1 já era uma “heritage”, e curtia uma de xodó da ferrovia e dos ferroviários. Foto: Acervo NEOM-ABPF.
Na Estação de Santa Rita (depois renomeada como Ibitutinga), 1958. Foto: Acervo NEOM-ABPF.
Comandando um trem que saía da Estação de São João em 1958. Foto: Acervo NEOM-ABPF.
Em 1960 esta locomotiva foi preparada para se aposentar e, ao contrário de suas semelhantes, foi escolhida para ser preservada como monumento. Aqui preparativos para a partida do que talvez (não há subsídios para confirmar a hipótese) tenha sido seu último trem. O maquinista foi o Sr. Isolani (segundo da esq. para a dir. sobre a locomotiva). Foto: Acervo NEOM-ABPF.
Em 1970 já como monumento estático na sede da Viação Férrea Centro-Oeste, em Belo Horizonte. Foto: Acervo NEOM-ABPF.
Em 1972, monumento estático na sede da Viação Férrea Centro-Oeste, em Belo Horizonte. Foto: Guido Motta.
Mama, I’m coming home. Colocada na carreta que a traria de volta a São João del-Rei em 1979 para ser a principal peça do museu ferroviário que seria inaugurado em 1981. Para substituí-la na sede da SR-2 da RFFSA em BH a locomotiva RMV 20 (EFOM 46), que se encontrava em Lavras, MG. Foto: Acervo NEOM-ABPF (recorte de jornal)
Sob o olhar dos ferroviários, a espera dos preparativos que a levarão à sala em que será exposta como monumento. Foto: Acervo NEOM-ABPF.
Empurrada ao seu destino final pela RFFSA 58 para seu destino final. Foto: PRESERFE.
No interior do Museu Ferroviário de São João del-Rei, principal peça. Foto: Jonas Augusto.
Essa locomotiva é um show a parte mesmo,na penúltima foto está a "finada" 58 que é tão histórica quanto a 1 pra mim,nas raras fotos que vi das estações de Martinho Campos,São Gonçalo do Pará e Abaeté,a locomotiva que aparece em ambas é a 58 e foi essa mesma locomotiva que tracionou o último trem de Martinho Campos,mas infelizmente passaram o maçarico nela.Na época dessa foto em que ela empurra a Nº1 para o museu já estava trabalhando somente como manobreira no pátio de São João del-Rei.Por favor me esclareçam uma coisa,foi somente com a administração da VFCO que começaram as erradicações e desmanche de locomotivas ou a RMV também já havia "maçaricado" algumas coisas?
ResponderExcluirAté 1963 aconteceram algumas baixas, mas até este ano as linhas possuiam 720 km no total (ainda RMV, mas já RFFSA). Com o fechamento das linhas acima de Divinópolis, aconteceram várias baixas na bitolinha. Em 1965, é criada a VFCO também no âmbito da RFFSA e também é o ano em que a linha entre Divinópolis e Lavras é rebitolada para 1 metro, ficando a bitolinha entre Antônio Carlos e Aureliano Mourão. O número de baixas só aumentou. Na década de 1970, antes da criação da SR-2, também houve grande número de baixas. A última baixa de locomotivas foi a 39.
ResponderExcluirValeu pela explicação Bruno.
ResponderExcluirOpa vc | de Martinho campos gosta também de Maria fumaça
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